A hora do Super Quinas

Artigo de Opinião de Dinis Duarte, vogal da direção da Associação de Futebol de Lisboa.

Portugal ocupa um lugar na cauda da tabela da Europa no que à atividade física diz respeito. É um dado preocupante tendo em consideração a importância para a saúde, física e mental, daquela prática. Por outro lado, é facilmente percetível que a inversão desta situação irá demorar alguns anos e que o público-alvo deverá ser a camada mais jovem, nomeadamente crianças e jovens, dado que não é fácil alterar hábitos adquiridos ao longo de anos. Atenta a esta situação a Federação Portuguesa de Futebol, em conjunto com universidades, desenhou um projeto, A HORA DOS SUPER QUINAS, de elevado grau científico, com o objetivo de promover o gosto pela atividade física dirigido aos alunos do primeiro ciclo do ensino básico.

O projeto não pretende, nem podia nesta fase, integrar o curriculum escolar daquele nível de ensino mas sim fazer parte das atividades extracurriculares, precisamente na componente destinada à atividade física que as mesmas integram. A FPF começou por envolver as associações distritais no projeto piloto que decorreu no ano letivo de 2022/23 e que implicou a participação duma escola por distrito com exceção de Lisboa e Porto que tinham duas escolas participantes.

A escolha dos municípios foi da inteira responsabilidade da FPF tendo, no caso de Lisboa, a mesma recaído em Arruda dos Vinhos e Sintra. A AFL assegurou a ponte entre FPF, Municípios e Agrupamentos de escolas envolvidos, tendo participado em reuniões de apresentação do projeto aos municípios, agrupamentos e encarregados de educação. O projeto decorreu no segundo período daquele ano letivo tendo sido ministrada formação adequada a todos os monitores envolvidos no projeto e foi acompanhado por várias instituições, Ministério da Educação, Direção Geral da Saúde, IPDJ.

Como elemento indicado pela direção da AFL, para acompanhar a realização do projeto, pude testemunhar a qualidade do mesmo, a alegria contagiante dos miúdos e a sua entrega e disponibilidade na realização dos exercícios propostos no decorrer das aulas. De salientar que do plano curricular não consta a prática de futebol mas, antes, uma panóplia de exercícios que pretendem desenvolver capacidades motoras a vários níveis bem como a importância do trabalho em grupo. Em maio a FPF apresentou os resultados do projeto piloto tendo os mesmos confirmado a enorme mais-valia do mesmo e estimulado a federação a alargar esta ideia a todos os municípios do país.

Mais uma vez a AFL aceitou ser parceira na implementação do projeto em todo o distrito por termos a firme convicção de que o mesmo poderá assumir um papel de relevo no combate à iliteracia motora da nossa população no futuro. Considerando a dimensão do trabalho a desenvolver a AFL, com o apoio da FPF, contratou um técnico para assegurar o acompanhamento entre todas as partes envolvidas e, neste momento, temos já a adesão de larga maioria dos municípios do distrito onde o projeto já decorre em pleno em, pelo menos, duas escolas de cada um, sendo o objetivo a médio prazo chegar a todas as escolas do primeiro ciclo do ensino básico.

É expectável que as crianças envolvidas se sintam mais motivadas para a prática de desporto e que, muitas delas, acabem por escolher o futebol e assim podermos assistir a um aumento considerável do número de praticantes no médio prazo. A AFL tem todo o prazer em ser parceira na implementação deste projeto inovador reconhecendo-lhe um papel de relevo para a criação de hábitos saudáveis como são a prática de atividade física e desportiva.