UM DIRIGENTE DA AFL “ESPECIALISTA” EM RESGATES…

A-Francisco Luís da Silva Calejo, admitido na AFL em 28 de agosto de 1913, foi um exemplar dirigente que, em 1915, se destacou, especialmente, na recuperação dos troféus conquistados pela seleção da Associação de Futebol de Lisboa no Brasil, quando até lá se deslocou no mês julho de 1913, a convite do Botafogo.

TROFÉU CENTRO REPUBLICANO PORTUGUÊS “ANIMUS ET VIS”

B-O selecionado lisboeta era composto por jogadores do

Sport Lisboa e Benfica (8): Álvaro Gaspar, Artur José Pereira, Augusto Paiva Simões, Carlos Homem de Figueiredo, Cosme Damião (capitão), Henrique Costa, José Domingos Fernandes e Luís Vieira, Este não regressou a Lisboa com a equipa, pois ficou a jogar no Botafogo.

Sporting Clube de Portugal (5): Amadeu Cruz, António Stromp, Cândido Rosa Rodrigues (lesionou-se a bordo, não foi utilizado), Francisco Stromp e João Bentes.

Club Internacional de Foot-Ball (3): Boaventura Mendes Belo, Carlos Sobral e Eduardo Luís Sousa Coutinho Ferreira Pinto Basto (secretário do grupo).

Acompanhantes: Dr. Alberto Lima (presidente do SportLisboa e Benfica, que viajou à sua custa), Duarte Rodrigues (jornalista) e Mário Ferreira Duarte (nomeado pelo Ministro do Interior).   

A saída de Lisboa verificou-se no dia 26 de junho de 1913, no paquete “Drina” e a chegada ao Rio de Janeiro, em 10 de julho de 1913. A bordo faziam-se os possíveis treinos de desentorpecimento muscular. 

TROFÉU GUERREIRO COM ESCUDO – PARA O VENCEDOR DO BOTAFOGO-AFL

C-Resultados

Nos sete jogos disputados registou-se sempre grandes enchentes de adeptos, não só brasileiros como da comunidade portuguesa. O presidente da República Federativa do Brasil, Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca assistiu a alguns jogos, assim como grande parte dos membros do Corpo Diplomático. Os jogadores lisboetas foram distinguidos com imensas festas e receções em todos os lados onde estivessem.

No Rio de Janeiro

13 de julho – Com um misto inglês (Rio Cricket e Paysandu), derrota por 1-3.

14 de julho – Com um misto brasileiro, derrota por 0-1.

17 de julho – Com a equipa da Liga Metropolitana, empate 0-0.

20 de julho – Com o Botafogo, vitória por 1-0.

Em São Paulo

23 de julho – Com a equipa Atlética Palmeiras, empate 2-2.

25 de julho – Com o Colégio Mackenzie, derrota 1-5.

27 de julho – Com o Clube Atlético Paulistano, vitória 1-0.

TAÇA FREDERICO AUGUSTO SILVA

D-Troféus

OS TROFÉUS EM DISPUTA:

CENTRO REPUBLICANO PORTUGUÊS “ANIMUS ET VIS”

BRANDÃO GOMES

ADRIANO RAMOS PINTO

FREDERICO AUGUSTO SILVA

GUERREIRO COM ESCUDO

PRÉMIO BRANDÃO GOMES

E-ALFÂNDEGA LISBOA

O regresso verificou-se no paquete “Orita” e a saída do Brasil ocorreu no dia 30 de julho. Em 8 de agosto de 1913, na escala em Cabo Verde, para reabastecimento, na Ilha de São Vicente, ainda houve tempo para um desafio com a equipa da Estação Telegráfica local, no campo das Salinas, onde a seleção da AFL venceu 1-0.

A chegada a Lisboa foi a 13 de agosto de 1913, com a presença de muita gente, quer no rio Tejo, quer no cais.Uma loucura…

Contudo, os troféus trazidos do país irmão ficaram retidos na Alfândega, com surpresa geral de toda a comitiva e não só, dado que a AFL não tinha o dinheiro necessário para pagar os inconcebíveis impostos devidos e obrigatórios, pese embora se tivesse apresentado razões mais do que muitas, apelando-se até ao sentimento nacional, pelos prémios alcançados desportivamente e em nome de Portugal! Mas nada…

Só em 1915 é que o dirigente Francisco Calejo conseguiu recuperar os 5 magníficos prémios, como se pode constatar nas imagens. Custou muito remover as dificuldades levantadas, mas foi um grande momento quando foram expostos numa grande loja, em pleno Rossio e muito admirados pelo imenso público lisboeta. 

TAÇA ADRIANO RAMOS PINTO

Mas, a epopeia de Francisco Calejo, não ficou por aqui dado que, pouco tempo depois de recuperar o património da AFL, conseguiu, também, reassumir os prémios conquistados pelos esgrimistas portugueses que tinham estado em Ostende (Bélgica), em plena primeira guerra mundial, em julho de 1914, os quais, vitoriosos, quando regressaram viram confiscados pelas mesmas razões do pessoal do futebol, as taças que brilhantemente ganharam. 

ESGRIMA 1914 I

F-ESGRIMA, DATA, LOCAL, NOMES

O grupo que se deslocou à Bélgica, constituído por Sebastião Herédia, Manuel Queirós, Mateus dos Santos, do Centro Nacional de Esgrima, e Jorge Paiva e Augusto Farinha, da Sala de Armas Carlos Gonçalves, ficou em primeiro lugar no Concurso Internacional de Espada, que contou com 258 inscrições individuais, de 16 países (Portugal e Rússia participaram pela primeira vez).

Francisco Calejo, um homem corajoso, incansável e determinado que não se contentava com pouco… O seu grande trabalho foi “arrancar os troféus das garras do fisco”, logo por duas vezes, pois então! E em plena primeira Guerra mundial…