Artigo de Opinião de Dinis Duarte, vogal da direção da Associação de Futebol de Lisboa.
A vida dos nossos clubes é, na larga maioria dos casos, feita de dificuldades permanentes. Dificuldades a vários níveis, do financeiro aos recursos humanos passando, por vezes, pelas infraestruturas.
A resiliência dos nossos dirigentes, a sua capacidade de trabalho, a sua disponibilidade é a trave mestra que suporta a continuidade da prática desportiva e, no caso que mais nos interessa, a prática do futebol e futsal.
É, por isso, com imensa satisfação que constatamos um aumento do número de atletas federados que, esta época desportiva, já ultrapassou os 32 000 sendo que apenas 25% diz respeito a seniores e sub-19, o que nos permite perceber o extraordinário trabalho desenvolvido na formação.
Aqui chegado permitam-me relevar a importância do apoio das autarquias, câmaras municipais e juntas de freguesia, de forma geral, para se conseguir atingir estes números. Seja através da atribuição de apoios financeiros, da disponibilização de meios de transporte, de assegurar a manutenção dos campos de jogos e pavilhões, sejam municipais ou não, da disponibilização de recursos humanos para a realização de tarefas pontuais esse apoio assume, em muitas situações, um caráter quase decisivo para o bom desenrolar da atividade de muitos clubes.
É verdade que compete às autarquias, entre outras, apoiar atividades de natureza desportiva, mas não devemos ignorar que esse apoio suplanta muitas vezes essa competência legal. Aqui, podia referir o período de pandemia em que várias autarquias mantiveram os apoios financeiros aos clubes, mesmo nos períodos de confinamento e nos que se seguiram sem permissão para a prática da atividade desportiva organizada. Esse apoio foi fundamental para que alguns clubes pudessem cumprir com os compromissos básicos como sejam rendas, eletricidade, comunicações, entre outras.
Quando discutimos o fenómeno futebol preocupamo-nos, normal e naturalmente, com os resultados, com a qualidade dos intervenientes, jogadores, treinadores, árbitros, com as subidas e descidas de divisão e não damos atenção a outros ‘players’ cuja participação é, também, importante para que as competições e a formação sigam o seu curso normal. Não são apenas as autarquias, obviamente, que se enquadram neste grupo mas hoje foi o seu trabalho que optei por relevar.
A Associação de Futebol de Lisboa, ciente desta realidade, tem mantido sempre uma relação de parceria com aquelas instituições procurando envolvê-las em projetos, promovendo encontros de trabalho, mostrando o nosso reconhecimento e respeito pelo seu papel no desenvolvimento do nosso desporto.
Tem sido esta a nossa postura até aqui e assim continuará a ser, sendo disso o exemplo mais recente o projeto ‘Walking Football’ para o qual contamos com a participação ativa das autarquias do distrito. Mas essas já serão contas de outro rosário.