As justas reclamações dos adeptos em 1915

A Associação de Futebol de Lisboa marcou para o dia 7 de fevereiro de 1915 (domingo) vários jogos das suas competições, dos quais se destacou o da primeira categoria entre o Sport Clube Império (sócio fundador AFL nº 1) e o Clube Internacional de Futebol (fundador nº 4) a disputar-se no recinto do Campo Grande, às 18h, com arbitragem assegurada pelo senhor Cosme Damião, do Sport Lisboa e Benfica.

Verificou-se que, com surpresa, o Clube Internacional de Futebol não compareceu, o que causou efervescência entre aqueles que pagaram a entrada para assistir ao desafio e tiveram de abandonar as instalações bastante deprimidos, pois amantes deste desporto, do seu clube e o facto de não recuperarem o valor despendido, tudo somado, contribuiu para o desânimo, desconfiança e, acima de tudo, ver que, assim, o futebol não evoluía.

É certo que os jogadores, na altura, não eram profissionais, não eram pagos para fazerem o que mais gostavam, isto é jogar futebol, mas acreditava-se no seu brio, na sua entrega, no seu amor ao clube, logo pretendia-se que a sua responsabilidade fosse assumida e que aparecessem, pois, os simpatizantes ficariam satisfeitos e agradecidos por essa demonstração de interesse e respeito pelos seus direitos.

Tal não aconteceu e, mais tarde, o Clube Internacional de Futebol, através de comunicado, assinado pelo presidente do seu Conselho Técnico, senhor Carlos Villar [foto abaixo à direita], um dos maiores vultos do futebol lisboeta, pois foi o criador da “Taça de Honra” da AFL, seu fundador, membro da Comissão Instaladora da AFL e seu dirigente, lamentou o sucedido, que nada mais foi do que uma duplicidade de avisos a causa dessa não comparência.

Mais adianta que o lamentável erro de forma alguma significa a desistência do primeiro grupo do Clube Internacional de Futebol dos campeonatos promovidos pela Associação de Futebol de Lisboa.

Artigo de Alberto Helder, coordenador do Gabinete Histórico da Associação de Futebol de Lisboa.